Há cerca de 100 mil anos, um grupo da espécie Homo sapiens fundou a linhagem que veio a conquistar todo o planeta - uma estirpe violenta em que os mais fortes frequentemente humilham e oprimem os mais fracos, mas também capaz de muito altruísmo e extremados cuidados parentais. A constatação desse paradoxo é o ponto de partida de Sidarta Ribeiro em seu novo livro. Em Sonho manifesto: dez exercícios urgentes de otimismo apocalíptico.
Com eloquência ímpar e prosa implacável, Ribeiro trata de temas como a fome que afeta quase 1 bilhão de pessoas, a a insuficiência das medidas contra o aquecimento global, o contínuo aprofundamento da desigualdade de renda, a violência política que tira a vida de ativistas no mundo todo e a distribuição lenta e desigual de vacinas que amplia e prolonga o sofrimento causado pela pandemia de covid-19.
Para eles, temos um dever político claro: confrontar as partes doentes de nossas origens como o patriarcado, que promove competição feroz e generalizada, acumulação e opressão, parasitismo, machismo, racismo e homofobia. Por outro lado, precisamos honrar nossa melhor ancestralidade e reforçar nossos laços de cooperação.
Há evidências de que, desde o Paleolítico Superior, nossa espécie cultiva uma sofisticada ética baseada em valores como atenção, responsabilidade, comunicação, confiança, respeito, solidariedade e pluraridade. É essa a matriz que nos permitirá voltar a sonhar com futuro do planeta. Ver menos